Quisera eu nomear-te
Em conformidade com tua bela cor
(natura arte), Fosse em inspiração do sentimento, seria amor,
O nome do que sinto de ti em mim…
Quisera eu denominação dar-te,
Que pudesse traduzir teus aromas, odores, sabores, Mas diante de outros tantos amores
_ quão formosa arte _
Perdi-me, enfim…
Quisera eu, dar-te um nome, Que falasse desse jardim… Onde eu zelo pelo outro
E o outro cuida de mim…
Sob outros zelosos olhares
De jardineiros vários, uns e outros, e aos pares, Aguados, a observar teu crescimento,
Assim, rumo ao sol sem fim…
Pois ali depositaram uma sementinha,
Prepararam-te o solo antes, aguaram-te em teu “cantim”… E, ali, a torcerem pelos teus rompimentos
Da casca, do solo, o broto, à flor em ti…
Planta que é planta, flor que é flor Rompe sozinha…
Mas, pode haver, na natureza, Nas assistências dos jardineiros, O agregar outras cores,
Outros aromas, outros perfumes, outros valores? Texturas tantas, outros quantos espinhos, defesas… E por que não, sabores, dissabores,
Com os quais encantar esse crescimento em mim?
Quis dar-te um nome,
Flor do jardim,
E já eras, na sementinha;
Quis escolher-te uma cor, um cheiro, uma roupagem, E já havia esses do teu jeito em ti;
Quis dar-te…
… mas já eras!…
Um nome, um molde, um rumo…
… mas já eras!…
Mas, flor de mim,
Só não hás de escapar,
É desses olhos nossos,
De jardineiros, zelosos, lágrimas nos olhos,
De mãos ansiosas, doidas a te afagar,
Porém só há de poder ser bruto com a força da terra,
Contigo, só a força do amor e da cautela…
Minhas palavras, versos, preces, histórias, cantigas são carinho, A ilusão de te permitir ir adiante, em teu caminho,
De ascensão ao sol
De encantamento do jardim
De refúgio dos insetos
De agradar borboletas e abelhas Polinizar-se, enfim…
Quis dar-te um nome, Flor de mim,
Na minha imensidão de pequenez de jardineiro, A abrir-te o caminho e aguar teu berço,
Onde jaz a semente, mas não jazes,
Brotas, floresces, encantas, cresces, Quis dar-te um nome, jazi-me,
Em minha pequenez, grandeza a tua, JASMIM…
(Rodrigo Goulart)