Jogar com as crianças é, entre outras coisas, promover seu desenvolvimento de percepção, sociabilidade e raciocínio. O raciocínio é desafiado e desenvolvido quando a criança tenta descobrir, por exemplo, como fazer uma sequência de três no jogo da velha. O desenvolvimento social e moral ocorre quando a criança descobre como cooperar e negociar com parceiros.
Reduzir o uso da autoridade e encorajar a criança a regulamentar o jogo
O valor educacional não está em corrigir indiscriminadamente o andamento e os procedimentos do jogo. Mães, pais e educadoras podem desperdiçar o valor do jogo ao insistir demais em “corrigir” o jogo, sendo autoritários. Quando isso acontece, a criança acaba se corrigindo mais por obediência do que por ter realmente compreendido. Ao invés disso, tente reduzir o exercício da autoridade desnecessária do adulto e proporcionar uma maior autonomia da criança.
Então, como agir?
A seguir, algumas sugestões:
Apresentar as regras como tendo sido definidas por uma autoridade que está além do pai ou da educadora.
Consultar as regras escritas e se referir a elas como seu próprio guia.
Participar do jogo como jogador.
Participando como jogador, a mãe, o pai ou a educadora cria uma relação de igualdade com as crianças. Isso estimula a criança a seguir as regras sem que isso seja uma questão de obediência ao adulto. Como jogador, o adulto pode ajudar a criança a tomar consciência das possibilidades do jogo. Para isso ele fala em voz alta, planeja estratégias e maneiras de lidar com os sentimentos difíceis da derrota. O adulto também pode protestar quando as regras não são seguidas e iniciar discussões sobre o que é e o que não é justo.
Quando o conflito aparece, ajudar as crianças a discutir as regras e chegar num acordo sobre como jogar e sobre o que é justo.
Nos jogos, as crianças podem aprender a negociar e a se comprometer. A mãe, o pai ou a educadora pode ajudar a criança a perceber o ponto de vista e os sentimentos dos outros, e encontrar um caminho para superar sua dificuldade.
Quando as crianças perguntam o que fazer, resista à vontade de dizer e jogue a decisão de volta para elas.
É mais fácil simplesmente dizer às crianças o que fazer, mas o melhor é dizer: “Temos um problema. O que podemos fazer?”
Encorajar as crianças a inventar seus próprios jogos.
Crianças que têm alguma experiência com jogos serão capazes de fazer seus próprios jogos. Você pode dar-lhes estruturas em branco, dados, peões, papel, lápis de cor, e sugerir que eles inventem um jogo, escrevam a regra e ensinem as outras crianças a jogar.
Você também pode propor modificarem jogos conhecidos de acordo com o modo de pensar das crianças, assim despertará o interesse delas com a possibilidade de transformar um jogo de que gostam numa brincadeira personalizada.
É importante tentar pensar do ponto de vista da criança durante o jogo e aceitar as propostas dela.
Deixe as crianças jogarem de acordo com a sua própria compreensão das regras.
O adulto pode repetir ou lembrar de uma regra que a criança pode ter esquecido, mas não deve insistir em regras a ponto de fazer a criança perder sua autonomia. Se uma criança está desrespeitando uma regra e as outras crianças estão se divertindo e não estão reclamando, não vale a pena insistir nessa regra. Entretanto, você pode chamar atenção para o seu próprio comportamento, exercendo a regra quando chegar sua vez de jogar. As crianças podem observá-lo e querer seguir a regra também.
Não insista na competição.
Se as crianças estiverem brincando de maneira não competitiva, deixe. Muitas vezes já é um desafio suficiente descobrir como seguir as regras do jogo.
Avalie o jogo em função do envolvimento das crianças.
Você pode fazer isso observando como as crianças interpretam as regras, se elas têm uma atitude competitiva, e observando as estratégias (ou a falta de estratégias) que elas inventam.